A falta de infraestrutura das estradas e rodovias de todo o pais prejudica o escoamento da produção agrícola, em dados monetários
A produção de alimentos no Brasil sofre de um paradoxo.
Bate recordes a cada ano, fazendo a alegria de agricultores e
exportadores, mas as perdas durante o transporte crescem também, de modo
alarmante, sem solução à vista.
No meio desse dilema estão os caminhoneiros, trabalhadores incansáveis que precisam cruzar milhares de quilômetros com as carrocerias abarrotadas dessas preciosas cargas. São eles que ajudam a levar à mesa do brasileiro o pão nosso de cada dia. Sofrem, entretanto, com a falta de infraestrutura rodoviária na forma de estradas em condições sofríveis e com segurança que deixa a desejar.
Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta de que a produção de leguminosas, oleaginosas e cereais em 2013 superou todos os números dos anos anteriores: mais de 188 milhões de toneladas de grãos foram retirados do campo no ano passado, ultrapassando os quase 162 milhões de toneladas de 2012. O total de área colhida subiu para 52,8 milhões de hectares.
No meio desse dilema estão os caminhoneiros, trabalhadores incansáveis que precisam cruzar milhares de quilômetros com as carrocerias abarrotadas dessas preciosas cargas. São eles que ajudam a levar à mesa do brasileiro o pão nosso de cada dia. Sofrem, entretanto, com a falta de infraestrutura rodoviária na forma de estradas em condições sofríveis e com segurança que deixa a desejar.
Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta de que a produção de leguminosas, oleaginosas e cereais em 2013 superou todos os números dos anos anteriores: mais de 188 milhões de toneladas de grãos foram retirados do campo no ano passado, ultrapassando os quase 162 milhões de toneladas de 2012. O total de área colhida subiu para 52,8 milhões de hectares.
É um crescimento de 8% em relação a 2012. Arroz, milho e soja foram os campeões de produção. Não à toa, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO) destaca o Brasil como um dos principais produtores de alimentos
do planeta. A entidade internacional prevê que o país será, até 2050, o
responsável pelo crescimento de 40% da produção agrícola global.
Uma significativa quantidade dessa safra astronômica é transportada desde as porteiras das fazendas até seu destino final em caminhões, estrada afora. As estimativas apontam que metade de toda a produção de grãos escoa pelas rodovias brasileiras. Infelizmente, parte dela fica pelo caminho.
Por causa de rodovias em estado lastimável - e também de muitos caminhões sem a devida capacidade para transportar esse tipo de mercadoria - entre 10 e 15% da carga é perdida, segundo o próprio IBGE. Parece pouco, mas, na ponta do lápis, representa de 20 a 28 milhões de toneladas de grãos jogadas fora. Traduzido em valores monetários: em apenas um ano, nada menos que 9 bilhões de reais deixaram de entrar nos cofres da economia nacional.
Em toda a longa cadeia produtiva da agricultura sempre há perdas, mas a maior parte delas acontece, comprovadamente, nas malcuidadas estradas brasileiras. Um estudo sobre indicadores agropecuários elaborado pelo IBGE revelou que o modal rodoviário para o carregamento de grandes quantidades de grãos a longas distâncias não é o mais adequado. "Com isso, o péssimo estado de conservação das estradas e o fato de os caminhões carregarem uma quantidade de carga acima de sua capacidade favorecem o derrame de grãos durante o transporte", diz o texto do estudo. Melhor seria se o transporte fosse feito através de ferrovias e hidrovias. Detalhe: o documento do IBGE diz respeito ao panorama brasileiro do transporte de grãos no período 1996-2003. Os problemas com a logística na agricultura parecem não mudar nunca no Brasil.
O desperdício durante o escoamento rodoviário não se restringe apenas aos grãos. Alimentos perecíveis como frutas, legumes e verduras também perdem seu valor e vão para o lixo por serem transportados de forma inadequada. Um apontamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir) revela que, no Brasil, apenas 3% dos caminhões pesados estavam equipados com câmaras frigoríficas em 2013. Isso explica, em parte, porque 30% dos alimentos produzidos no país não chegam à mesa do consumidor.
Diante desse cenário caótico, os indômitos caminhoneiros são obrigados a levar uma vida dura. Passam dias, até semanas, cruzando o Brasil desde as regiões produtoras - em geral o Centro-Oeste do país - levando nas carrocerias toneladas de alimentos. Na maioria dos casos, a distância percorrida ultrapassa os 2 mil quilômetros em estradas esburacadas, mal sinalizadas, perigosas. Correm riscos a cada quilômetro. Não à toa os grãos vão ficando pelo caminho.
Como não bastasse a falta de condições mínimas de trabalho, esses profissionais da estrada ainda têm que cortar um dobrado para encontrar um canto onde possam repousar com segurança à beira da estrada. São pouquíssimos os pontos de pernoite apropriados nas estradas brasileiras, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, por exemplo.
Depois, já nas proximidades dos canais de escoamento - no Sul e Sudeste do país -, é preciso muita paciência ao enfrentar filas intermináveis para descarregar suas cargas, sobretudo nos principais portos, em Santos, no litoral paulista, e Paranaguá, no Paraná. No início deste ano foram registrados, durante várias semanas, congestionamentos de até 10 quilômetros nas proximidades do terminal marítimo de Santos.
A fim de apontar problemas e soluções para a questão da precária infraestrutura rodoviária brasileira, a empresa de consultoria Bain & Company produziu recentemente a análise Infraestrutura rodoviária no Brasil: Uma proposta para desenvolvê-la. Nela, os especialistas acentuam o grande alarde do governo federal em investir na recuperação e duplicação de 7,5 mil quilômetros de estradas, a partir do ano passado.
Sabe-se que muito pouco foi feito nesse sentido até agora. Mas, de acordo com a consultoria, mesmo que fossem levadas a cabo, essas reformas não seriam suficientes para melhorar o escoamento da produção agrícola e, de resto, amenizar a vida dos caminhoneiros.
O buraco é mais embaixo, alerta a Bain & Company: "Estimamos que 21 mil quilômetros de autoestradas seriam necessários, a um investimento de R$ 200 a R$ 250 bilhões", diz o estudo. E vai além: "Tal programa poderia ser executado em 6 a 8 anos (ou, talvez, 8 a 10 anos se considerarmos os atrasos de licenciamento, desapropriação e execução de obras que usualmente ocorrem no Brasil)". A Bain & Company entende por "autoestradas" rodovias devidamente asfaltadas, duplicadas, com pelo menos duas faixas de rolamento em cada sentido, separadas por canteiros centrais ou barreiras físicas, sem cruzamentos de nível, semáforos e lombadas. Em resumo, um bom caminho para os motoristas.
Enquanto isso, em Brasília, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) publicou o 4o Levantamento de Grãos da Safra 2013/2014. A Conab acredita que a produção de grãos pode bater outro recorde este ano, chegando a 196,7 milhões de toneladas, incremento de 5,2% em relação à safra passada. A previsão tem tudo para se tornar real. Contudo, os irmãos da estrada ficariam eternamente gratos se os 21 mil quilômetros das tais autoestradas saíssem do papel para se transformar em realidade, o quanto antes.
"Por conta da falta de estrutura das estradas milhões de reais são perdidos, perdemos frota de caminhões que acabam com os acidentes, muitos alimentos são desperdiçados, caminhoneiros perdem a vida nos acidentes e etc. Se resolvesse
ao menos um problemas muitos danos seriam evitados" GABRIELA MIRANDA
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